sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Mais do mesmo (para os mais sensíveis)

Esta é uma forma de transmitir para meus amigos de maneira menos "agressiva" a minha opinião acerca de alguns transtornos que a cidade do Rio de Janeiro causa a seus cidadãos no seu cotidiano.

Assim como faço todos os dias, saí da Faculdade para pegar um ônibus até a Fundação Getulio Vargas. As falhas do sistema de transporte público da cidade não são novidade para ninguém, mas, ao passo que você depende exclusivamente do transporte coletivo, as deficiências tornam-se ainda mais irritantes, principalmente em um dia típico de verão desta cidade tropical.

O trajeto Gávea-Botafogo é só um exemplo das centenas de ruas congestionadas espalhadas pela metrópole. O fluxo intenso de automóveis inunda as ruas estreitas, contribuindo com a degradação implacável da camada de ozônio. Uma solução já esboçada por alguém sugeria que pessoas do mesmo ofício revezassem como motoristas de seus colegas de labuta, diminuindo, portanto, a quantidade de carros nas ruas. Mas a ideia não teve muida adesão pois, para o homem moderno, cada vez mais individualista, abrir mão de seu conforto e solidão seria um infortúnio desnecessário. À medida que subimos nos estratos sócio-econômicos nos deparamos com uma situação ainda mais desagradável, onde pai e mãe de uma mesma família saem de casa em seus respectivos carros.

Enquanto isso, a população mais pobre continua refém das decisões da Máfia do transporte coletivo, em conivência com o poder público. A escassez de ônibus obriga os passageiros a apertarem-se dentro do coletivo. Há pessoas que ficam prestes a caírem pelas portas. Os motoristas, mal instruídos pelas Companhias, arrancam com os veículos colocando em risco a integridade física dos cidadãos, que pagam um preço abusivo sem poder desfrutar de um mínimo conforto - o direito a um assento! - para se locomoverem de sua casa até o local de trabalho. Nestas circunstâncias, pensar em instalar ar-condicionado em todos os coletivos seria uma forma de atenuar o mal-estar causado pelo calor que castiga a cidade durante quase todo o ano e que lhe confere o doce apelido de inferno tropical.

Além deste transtorno para a sociedade, que é o deficiente sistema de transporte público, o subemprego é outra questão muito importante a ser discutida. Consequência da modernização do campo e da expectativa de auferir maior renda, milhares de cidadãos migram todo ano de regiões mais pobres para as mais desenvolvidas do país, causando um "inchaço" das metrópoles e a escassez de emprego. Aliado a isso, a ordem capitalista vigente exige cada vez mais a especialização da mão-de-obra, diminuindo a capacidade do mercado formal de absorver um maior contingente de trabalhadores, relegando a estes as inconstâncias da informalidade.

Para finalizar, gostaria de fazer um apelo aos amigos cientistas sociais. A situação é crítica e os problemas estão a todo o tempo sendo estudados e trabalhados dentro da Academia. Mas quando a única coisa que se faz é repetir e questionar sob uma visão romântica, a mudança social tardará a acontecer. Encarem a realidade. Assim como foi personificada no texto anterior, ela é feia, fétida e doentia.

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