terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Free Generation

Esta expressão, estampada na camiseta de um garoto de uns vinte e poucos anos, levou-me a refletir sobre que tipo de liberdade ainda nos é permitida.

O rapaz da camiseta provavelmente descansava de seu emprego, talvez em uma obra qualquer, a julgar pela poeira que o encobria e pela tinta que manchava de branco ambos os seus braços. O tempo ocioso deve ser o mínimo suficiente para recuperar as forças e voltar à labuta de dezesseis horas diárias. Então, volta para casa a encerrar o ciclo de horas de um dia, sem poder compreender o significado estrito das palavras inglesas que carrega em seu peito.

Distinto apenas pelo seu conhecimento da língua estrangeira e por suas expectativas de futuro, os novos graduandos do ensino superior tornam-se cada vez mais escravos do dinheiro e do tempo imposto pela economia de uma nova ordem, produtivista e cínica.

Geração livre que depende do vício dos sintéticos para fugir da realidade, o soma de nosso Admirável Mundo Novo. É a liberdade para fugir, não para enfrentar.

Geração esta que vive presa às convenções morais do fanatismo religioso, pregadas nas assembleias e não vividas na prática. Juventude consumidora de padrões estéticos vendidos aos montes pelas novelas da Fábrica de Sonhos. Geração que se diz revolucionária, mas que vive limitada às ideologias românticas de experiências históricas fracassadas.

Somos parte de uma geração livre para repetir. Quem sabe um dia livre para pensar.

"Se a liberdade significa alguma coisa, será, sobretudo, o direito de dizer às outras pessoas o que elas não querem ouvir."

G. ORWELL

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