domingo, 29 de maio de 2011

Quem matou Púchkin?

Foi Georges d'Anthès quem o matou, depois de desonrar sua mulher à vista de todos?
Ou foi a própria Goncharova, durante as repetidas noites de cópula com esse oficialzinho francês?
Terá sido o Governador traído de Gógol, em revolta pela traição de sua própria mulher, aquela velha asquerosa e ambiciosa, instigando nele o ódio a todos os cornos da Rússia do século 19?
Também pode ter sido Piotr Stiepánovitch, aquele niilista maníaco-depressivo saído da cloaca de Dostoiévski.

Não, eu respondo. Aquilo que tirou a vida do poeta foi a existência monótona em São Petersburgo, foi o frio que, em pleno fevereiro, o impedia de pular algum carnaval naquele monte de gelo. Foi a vodka barata, muito diferente da Stolichnaya exportada pra outros cantos; foi aquele monte de bunda branca escondida nas cinco camadas de vestido das damas russas.

Enfim, não foi uma puta desalmada quem privou da existência o nobre escritor. Tampouco uma bicha enrustida que seduzia menininhas para auto-afirmar a sua virilidade. Quem matou Púchkin não foi o corno gogoliano nem o maluco do Pietrucha. Púchkin morreu foi de tédio.

Esta foi uma singela homenagem ao frio que faz no Rio. Quisera eu ter uma pistola - ou uma Stolichnaya.

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