Carménère amada que distrai a razão, eleva a alma e sufoca o coração. Seu gosto que não sai da minha boca, sua existência que inunda meus sonhos com tuas esperanças. Ai, que vontade de me afogar nesse azul intenso da memória! E me esquecer do calor que me sustenta no frio, deixando me levar no barulho das ondas, da espuma a secar na borda da taça.
sexta-feira, 10 de junho de 2011
domingo, 29 de maio de 2011
Quem matou Púchkin?
Foi Georges d'Anthès quem o matou, depois de desonrar sua mulher à vista de todos?
Ou foi a própria Goncharova, durante as repetidas noites de cópula com esse oficialzinho francês?
Terá sido o Governador traído de Gógol, em revolta pela traição de sua própria mulher, aquela velha asquerosa e ambiciosa, instigando nele o ódio a todos os cornos da Rússia do século 19?
Também pode ter sido Piotr Stiepánovitch, aquele niilista maníaco-depressivo saído da cloaca de Dostoiévski.
Não, eu respondo. Aquilo que tirou a vida do poeta foi a existência monótona em São Petersburgo, foi o frio que, em pleno fevereiro, o impedia de pular algum carnaval naquele monte de gelo. Foi a vodka barata, muito diferente da Stolichnaya exportada pra outros cantos; foi aquele monte de bunda branca escondida nas cinco camadas de vestido das damas russas.
Enfim, não foi uma puta desalmada quem privou da existência o nobre escritor. Tampouco uma bicha enrustida que seduzia menininhas para auto-afirmar a sua virilidade. Quem matou Púchkin não foi o corno gogoliano nem o maluco do Pietrucha. Púchkin morreu foi de tédio.
Esta foi uma singela homenagem ao frio que faz no Rio. Quisera eu ter uma pistola - ou uma Stolichnaya.
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